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Às vezes, penso como seria se pudesse despir-me de mim e deixar-me nas costas de uma cadeira como uma camisola que temos preguiça de arrumar. Talvez eu tenha vestido a alma do lado do avesso e por isso sinta tanto desassossego. Talvez, se eu olhasse para mim do lado de fora, pudesse realmente conhecer-me por dentro. Talvez o lado de dentro seja forrado de noite e de uma dor antiga de que precisa para não se desfiar ou talvez as costuras sejam feitas desse fio invisível que nos segura à vida e que não podemos ver para não duvidarmos dele. Talvez eu tenha confundido a minha alma com outra qualquer, às vezes não olhamos bem, e talvez alguém ande por aí a perguntar por mim para me devolver ao que devia ter sido.
lado.a.lado