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vês como fico pequena quando escrevo para ti?
é por isso que eu nunca poderia ser poeta.
o poeta se engrandece perante a ausência, como se a ausência fosse o seu altar, e ele ficasse maior que a palavra. no meu caso, não, a ausência me deixa submersa, sem acesso a mim.
este é o meu conflito: quando estás, não existo, ignorada. quando não estás, me desconheço, ignorante.
eu só sou na tua presença.
e só me tenho na tua ausência. Agora, eu sei.
sou apenas um nome.
um nome que não se acende senão em tua boca. (…)
nessa espera, aprendi a gostar de ter saudade.
recordo os versos do poeta que diziam “eu vim ao mundo para ter saudade”.
como se apenas pela ausência eu me povoasse interiormente.
seguindo o exemplo dessas casas que só se sentem quando estão vazias.
como esta casa que agora habito.
Mia