Eu tentei
Eu tentei ser e viver
Tentei ser uma luz que brilhava
numa noite de trevas
A vela que queria iluminar
um quarto sem estrelas
Ser o calor na cama enorme
vazia e estagnada
A madrugada almejada
Depois de um sono em que
não dormi nada
O cantar de um pássaro livre
na madrugada
Uma rosa que não se quer
ver desfolhada
Ser pão e vinho naquela mesa
agora abandonada
Fazer valer a manhã até ser uma
tarde ensolarada
Tentei fazer de tudo para acender
a chama apagada
Não deixei de ser eu, mas fiquei só
na caminhada
Parada no meio da vazia estrada
sem quase nada
Os sonhos esparramados pelo
chão d’alma quebrada
A minha cabeça está cheia de ideais,
mas as mãos atadas
Não deixam que, ao menos eu possa ter
a esperança de novamente
Poder voltar a fazer florir, uma nova
madrugada renovada.
© Catarina Pinto Bastos